sábado, 28 de fevereiro de 2009

Corpo-colchão


Ânsias de movimentos. Máquina hábil de transformação. Minhas necessidades se deparam diante da busca perfeita nessa imperfeição mutável do tempo. A cada contraste nas semelhanças, um desejo intenso se desdobra em mim. Vejo nessa igualdade o exalar constante de querer. Querer tê-lo, possuí-lo, desposá-lo, deixá-lo trêmulo e suscetível. Desprevenido, desprotegido de quaisquer reações que não as minhas. Pinturas barrocas que bailam da melodia ardente dessa procura e consciência daquilo que lhe é semelhante. Conhecimento de uma parte que lhe parece familiar... Descobrir nisso, suas particularidades mais tendenciosas. Volúpia! Prazer! Gozo conseguido pelo simples caminhar da permissão. As águas salgadas que saem dos poros, misturas às outras águas igualmente salgadas, de distinto poro, de gênero não tão distinto assim. Escorrega nesse corpo-colchão, chão duro em formato propício aos delírios. Lírios de constatação. Músculos, formas, temperaturas. Cabelos molhados em suas bagunças orgiásticas. Cheiro único e inconfundível daqueles que se reconhecem. Cio presente em momentos naturalmente não definidos. Inarráveis sensações. Quereres insaciáveis. Transmutação.

Jandi Barreto.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

06 de julho de 2008


Os passos que, seguros se tornam trazem consigo uma inquietude que persegue as mentes insanas. A loucura, refúgio dos incondicionados busca em seus conflitos, uma tranqüilidade esquecida em... Alguma coisa me mostra onde deixei meus receios e, em meio aos meus fantasmas, espasmos de recordações me afligem a mente, quando acho que mais nada sinto. Estes vêem e ficam. Ficam como se pertencessem ao meu corpo, sabe? Uma parte indispensável da continuidade. Da minha continuidade. Algo que não controlo, como uma intensa excitação que me toma e mostra o quanto ela é indispensável para me sentir viva. O gozo? O gozo às vezes, como erupção surge e me leva aos conhecimentos mais introspectivos da carne. E, às vezes, nada. Nada me leva à desistência, de querer parar aquilo que me deixa pulsante, inclusive em meio aos meus surtos.

Jandi Barreto

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Horas




Pulso inconstante das minhas veias. Resquícios de vontades de vida. Palpitam em minhas carnes, ágeis momentos de angústias e tomam o meu corpo, a minha alma, o meu prazer em ser o não-mórbido.
Conduz no ópio dos meus vícios, aquelas gotas de água pura, que inundam e onde me afogo sem buscar sequer, raros instantes de fôlego.
Tudo o que não me pertence. Espasmos das minhas vertigens, eu, deixando esvair, como uma intensa ventania que leva consigo o que lhe aparece como obstáculo, esta que é a minha essência. Não, não posso!
Houve um tempo onde tudo precisava fazer sentido. Sentimento inquieto e repleto de racionalidade. Covardia, medo, receio da vida.
No gosto amargo dessas coisas que se desfazem à minha frente, encontro a cruel certeza daquilo que posso e daquilo que devo. Levo adiante planos inconseqüentes, mas que me mantém viva, até quando, eu não sei, mas todo ser humano precisa se sentir vivo!
Na permissão de me sentir amada, tendo a chance, mais uma vez, entrego minha alma e todos os meus desejos mais secretos são acalmados e aguçados pela certeza do amor verdadeiro. Meu acalanto.
Horas que passam quando menos se quer, saudades ocultas que insistem em sair, vestígios de erros que não quero punir. Grito retido na palma das mãos. Estouro.
Tremo em lembrar-me das sensações que me deixa quando toca meu corpo, suga meus lábios, arrepia-me as costas. Saborosas e imutáveis manhãs. Rápidos momentos de eternidades. Saudades de uma vida.

Jandi Barreto