quinta-feira, 5 de julho de 2012

A gente se acostuma com as coisas

A gente se acostuma com as coisas. E sente falta, sofre, chora, levanta a cabeça e volta a sorrir novamente por uma frase bem dita, sussurrada. Aquela em que se ouve todos os dias, porque faz questão de dizer, de lembrar, de reforçar dentro de si e de mim. Aquela que tem mantida acesa por bons tempos o que movimenta a vida, e que tira toda a sensação de fim. A gente se acostuma com as coisas. E quando quebra por um tempo, a dor é a primeira a gritar. A gente estranha e se estranha e interpreta mal o que poderia ser mínimo. E escreve para desabafar. E guarda, e mostra, quer apagar, mudar tudo o que representa. Mas a gente não consegue. E esse é o primeiro sinal de que gosta. A gente só apaga fora e dentro da gente quando perde o sentido. Aí é caminho sem volta. Mas a gente volta e a primeira coisa que quer é ver, sentir, cheirar, amar incondicionalmente. Retomar os costumes, as manias, os risos – ou melhor, gargalhadas e ser feliz mais uma vez. A gente se acostuma com as coisas. Com as coisas boas como você. Não, não é vulgar. É simples, é verdade só isso. A gente às vezes acha que a gente não vai ser por muito tempo. Uma noite, uma ficada, um mês, bobagem, dois meses, aí efetiva. Fica mais difícil. Um ano, um ano e meio... bom, a gente se acostuma com as coisas boas. A gente até pega manias e trejeitos. Vê coisas o tempo inteiro que nos remete a... Na verdade, a gente não se acostuma com as coisas boas da vida. A gente ama tudo aquilo que a vida nos presenteia sem cobrar muita coisa, como você. Jandi Barreto